quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Luminoso

Por-do sol em Porto Alegre (imagem internet)

Eu luminoso não sou


Eu luminoso não sou.
Nem sei que haja

Um poço mais remoto, e habitado

De cegas criaturas, de histórias e assombros.

Se, no fundo poço, que é o mundo

Secreto e intratável das águas interiores,

Uma roda de céu ondulando se alarga,

Digamos que é o mar: como o rápido canto

Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável

O movimento de asas.

O musgo é um silêncio,

E as cobras-d’água dobram rugas no céu,

Enquanto, devagar, as aves se recolhem.


José Saramago

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