terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal


Canto de Natal
O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.

Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.

Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino,
Seu nome é Jesus.

Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.

Manuel Bandeira

Natal


Três Presentes de fim de ano

Querida, mando-te
uma tartaruguinha de presente
e principalmente de futuro
pois viverá uma riqueza de anos
e quando eu haja tomado a estígia barca
rumo ao país obscuro
ela te me lembrará no chão do quarto
e te dirá em sua muda língua
que o tempo, o tempo é simples ruga
na carapaça, não no fundo amor.

II

Nem corbeilles nem
letras de câmbio
nem rondós nem
carrão 69
nem festivais
na ilha d’amores
não esperes de mim
terrestres primores.
Dou-te a senha para
o dom imperceptível
que não vem do próximo
não se guarda em cofre
não pesa, não passa
nem sequer tem nome.
Inventa-o se puderes
com fervor e graça.

III

Sempre foi difícil
ah como era difícil escolher
um par de sapatos, um perfume.
Agora então, amor, é impossível.
O mau gosto
e o bom se acasalaram, catrapuz!
Você acha mesmo bacana esse verniz abóbora
ou tem medo de dizer que é medonho?
E aquele quadro (objeto)? Aquela pantalona?
Aquela poesia? Hem? O quê? Não ouço
a sua voz entre alto-falantes, não distingo
nenhuma voz nos sons vociferantes...
Desculpe, amor, se meu presente
é meio louco e bobo
e superado:
uns lábios em silêncio
(a música mental)
e uns olhos em recesso
(a infinita paisagem).

Carlos Drummond de Andrade

Natal


Poema De Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes

Natal


Monólogo do Natal


Eu não gosto de vancê, Papai Noé!
Tamém não gosto desse seu papé de vendê ilusão pra tar
da burguesia.
Se os meninu pobre da cidade soubessem o desprezo qui
o se tem, pelos humirde, pela humirdade eu acho que eles
jogava pedra em sua fantasia.
Você talvez vancê nem se alembra mais.
Eu cresci, me tornei rapaz, sem nunca me esquecê,
daquilo que passô.
Eu lhe escrevi um biete, pedindo um presente a noite
inteira eu esperei contente, chegou o sor, mais vancê
num chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, me trouxe um
trenzinho véio, enferrujado, e me ponhou ansim na
minha mão e me oiando baixinho me falou: toma, é pra
vancê, foi papai noé que mandou. E vi quandu ele
adisfarçou umas lágrima cum a mão.
Eu alegre e inocente nesse caso, pensei que o meu
biete embora cum atraso tinha chegadu em suas mão, no
fim do mês.
Limpei ele bem limpado, dei corda, o trem partiu, deu
muitas vorta, meu pai então se riu e me abraçô pela
urtima vez.
O resto, eu só pude cumpreender quando cresci e
comecei a ver as coisa com a realidade.
Um dia meu pai chegou ansim, cum quem tá cum medo e
falou pra mim: me dá aqui aquele seu brinquedo daqui
vou trocá por outro na cidade . Entônce eu entreguei
pra ele o meu trenzinho quase a soluçá.
e, como quem não quer abandoná um mimo, um mimo que
lhe deu, quem lhe qué bem, eu supriquei medroso: ?ô
pai eu só tenhu ele! Eu num quero outro brinquedo, eu
quero aquele. por favor pai, num vá levá meu trem?.
Meu pai calô e pelo seu rosto veio descendo uma
lágrima que, inté hoje creio, tão pura e santa ansim
só Deus chorou!
Ele saiu correnu bateu a porta, ansim como um doido
varido minha mãe gritou; pra ele: José! ele num deu
orvido. Foi embora e nunca mais vortô.
Vancê, Papai Noé, vancê me transformou num homem que
hoje a infância arruinô. Sem pai e sem brinquedo.
Afiná, dos seus presentes, num ai um que sobre da
riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com a
noite de natá.
Meu pobre pai coitado, mar vestido, pra num me vê
naquele dia desiludido, pagô bem caro a minha inlusão,
num gesto nobre, humano e dicisivo, ele foi longe
demais pra me trazer aquele lenitivo, tinha robado
aquele trem do filho do patrão.
Quando ele sumiu, pensei que tinha viajadu, no
entanto, minha mãe despois deu grande, me contou em
pranto que ele foi preso coitado e tranformadu em réu.
Ninguém pra absolvê meu pai se atrevia.
Ele foi definhando na cadeia, inté,qui um dia, Deus
entrou na sua cela e o libertô pro céu.


Aldemar Paiva

Música interpetada por Rolando Boldrin

Natal


Uma pequena crônica de natal....


Os embrulhos mal cabiam em seus braços...
A felicidade estampada em seu olhos...
Ao sair de casa um semblante caído, desanimado
Triste...
Na volta ao lar, aquele sentimento de vitória,
Do guerreiro que vence a última das guerras...
E então a pergunta:...afinal o que acontecera??
Naquele momento ele, que estava a olhar,
Disse, como se lesse pensamentos:
“não, eu não ganhei na loteria, consegui um emprego!!”
Não, não haviam bebidas, nem cerveja...apenas presentes...

Natal é isso, é quando Jesus se mostra através dos homens e a felicidade se multiplica, porque felicidade é assim,ela nunca É sozinha, só funciona em rede!
Jesus sabe disso, por isso esse pai de família voltou aquele dia,
Com presentes na mão e emprego no bolso...
Nós que estamos sempre a procurá-Lo, só podemos encontrá-Lo,
Dentro de nós e no máximo, ao nosso lado....sempre!!


Valéria Trindade

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Chegou o Verão !


VERANEIOS

Toda vestida de rendas
ela corre pelas praias
e as sereias invejosas
rogam pragas que ela caia.
---
A tua beleza é tanta
que a mais arrogante maré
humildemente se deita
para beijar os teus pés.
---
Quando te entregas ao mar
deixas no Sol certa mágoa.
Tua melhor intimidade
é um convívio só das águas.
---
Ah, se um dia ela se desse
pra mim com tanta alegria
com que entrega seu corpo moreno
às ondas do mar, tão frias.
---
Enxaguado de água doce
teu biquíni nos varais.
Parece que ali pousaram
andorinhas e pardais.
---
Quando chegas à praia
na manhã azul de janeiro
as ondas jogam carreira
pra ver quem te beija primeiro.
---
Tua inimizade com as nuvens
é ciúmes de passarela.
Hoje o Sol já não te envolve.
Ele é das nuvens. Só delas.

Luiz Coronel

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Epitáfio

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

Sérgio Brito / Titãs






sábado, 12 de dezembro de 2009

A Concha das Horas


Leva o teu sorriso, por favor leva pra longe.
Leva o que puderes, leva as minhas dores todas.
Leva o teu olhar e leva o que mais achares
e eu acolherei, desta vez, o teu silêncio.

Guarda o teu amor, num lugar que não existe.
Deixa, eu mesma lavo o que nos sobrou de triste.
Pelo nosso quarto, pela cama no deserto
eu vou sacudir o que dizem ser adeus.

Leva teu rancor, teu espelho mais antigo.
Leva o que couber no teu corpo tão vazio.
Deixa meus escudos. Deixa, eu fugirei do frio
mesmo que viaje à neve das cordilheiras.

Mas a noite é longa, nas malas e nas tristezas.
Leva tudo agora, que a manhã não se demora.
Deixa, eu mesma espanto o que tanto ainda me cala e o teu desamor me dói mais quando nem falas.

Mas quem sabe amigo...
um dia eu te lembre
no beijo esquecido
na palma do tempo
na concha das horas.

Jaime Vaz Brasil

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Você


O Que Eu Adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

Manuel Bandeira

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reflexões

Quando eu me pergunto quem sou eu,
sou o que pergunta
ou o que não sabe a resposta?
Geraldo Eustáquio


Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és.
Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar.
Johann Goethe



É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.
Clarice Lispector

"a única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais...."
Clarice Lispector

domingo, 6 de dezembro de 2009

Poesia


Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.


Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.


Mário Quintana

Reflexões


Língua Portuguesa


Considero a nossa língua portuguesa uma das línguas mais fascinantes do planeta. Bem, talvez tenha que se levar em conta que é uma das poucas que conheço. Mas, independente da minha limitada capacidade de avaliação, posso garantir que é uma língua bonita, cheia de palavras interessantes e com uma sonoridade especial. O que talvez explique porque tantas canções em português viraram clássicos da cultura mundial.


Tanta beleza, é claro, só pode ser apreciada se ela for usada corretamente. Você não deve dizer "seje", por exemplo. Nem que "seja" num bate-papo de botequim. Tampouco deve usar "esteje". Mesmo que você já "esteja" na quarta cerveja e todo mundo na mesa "esteje" falando assim.


Se você for do sexo feminino e trabalhou o dia inteiro, não pode falar pro namorado que não quer sair porque está "meia" cansada. Meia é aquilo que se usa no pé. Você provavelmente está "meio" cansada e, cá entre nós, deve estar cansada mesmo é do namorado. Porque quando a gente gosta de verdade, sempre encontra forças para um jantar a dois.


Nunca diga "de menor" ou "de maior". A pessoa é menor ou maior de idade. E se alguém falar "menas" laranjas, pode cair na risada à vontade. A não ser que você esteja numa solenidade e o equívoco tenha sido cometido por uma autoridade governamental. O que não é impossível de acontecer.


O R é uma letra traiçoeira, é preciso tomar cuidado. Anote aí: fustrado, cocrodilo, ededron, largartixa, estrupo, cardarço. Tá tudo errado. Confira no dicionário.


Se alguém chegou tarde à reunião, não reclame dizendo "fazem 2 horas que estamos te esperando". O correto é "faz 2 horas". É o mesmo caso de "haviam muitas pessoas no local". É sempre no singular: "havia muitas pessoas". Mesmo que fosse uma multidão.


"Para mim gostar" é coisa de índio. Quem conjuga o verbo é o pronome pessoal reto: "para eu gostar, para tu gostares, para ele gostar…".


Se você escutar alguma secretária falar "vou estar anotando o seu recado" não se irrite . Use o bom humor e diga que vai "estar perdendo a paciência" se ela continuar falando assim. O gerundismo virou uma praga. Vem de traduções mal feitas do inglês e contaminou algumas áreas, principalmente o telemarketing.


Nossa língua portuguesa é realmente fascinante. Produziu poemas e romances da melhor qualidade. Mas, como tudo na vida, também tem as suas estranhezas. Por exemplo: porque "embaixo" é uma palavra só e "em cima" são duas?


E a pergunta que não quer calar e me tira noites de sono: porque "tudo junto" é separado e "separado" é tudo junto?


Kledir Ramil
http://www.cantadoresdolitoral.com.br/k/kl21.htm#79

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sumi

Sumi porque só faço besteira em sua presença,
fico mudo quando deveria verbalizar,

digo um absurdo atrás do outro

quando melhor seria silenciar,

faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes,

durante e depois de te encontrar.

Sumi porque não há futuro

e isso não é o mais difícil de lidar,

pior é não ter presente e o passado

ser mais fluido que o ar.

Sumi porque não há o que se possa resgatar,

meu sumiço é covarde mas atento,

meio fajuto meio autêntico,

sumi porque sumir é um jogo de paciência,

ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado,

mas sumi para estar para sempre do seu lado,

a saudade fará mais por nós dois

que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida

permanência.”


MARTHA MEDEIROS

Quais suas manias?

Manias
Tenho horror a chamados, principalmente da campainha da minha casa ou do meu telefone celular.
Quando um dos dois toca, estremeço: ali vem notícia ruim.

Nunca a campainha da minha casa tocou para surgir uma pessoa que vá me ajudar.
Quase sempre a campainha da minha casa toca para me pedirem ajuda.
E o meu telefone celular quase sempre toca para me trazer uma má notícia.

Já tentei jogar fora o celular e tentei desligar a campainha da minha casa. Mas não consegui.
Parece que estou viciado em más notícias, acostumado a complicações.

Assim é uma mania que tenho nas sinaleiras. Há dias em que estou para não dar esmolas. Saio de casa com a firme determinação de não dar óbolos para ninguém.
E, por mais que me peçam ou implorem nas sinaleiras os mendigos ou inconvenientes, não dou esmola para nenhum deles.

Mas há dias em que dou esmola em todas as sinaleiras. São 17 sinaleiras da minha casa até Zero Hora. Então, separo 17 moedas e as guardo para dar aos pedintes.

Há dias em que estou tão à flor da pele, que, quando o mendigo me ataca na sinaleira, sinto ímpetos de sair do carro e deixar o veículo para o mendigo dirigir e fazer dele o que bem quiser, até mesmo vendê-lo.
E há dias em que brutalmente fecho o vidro do meu carro quando me aproximo da sinaleira. Não quero saber de mendigos.
Definitivamente, eu sou um ciclotímico.

E há dias em que estou para conversas. Chego a atacar pessoas para conversar com elas. Deito e me reviro nos assuntos.
Mas há dias, em contrapartida, em que não quero falar com ninguém, só quero ir pra casa fumar e dormir.

E, estranhamente, há dias em que estou para pagar contas. Pago tudo que está para ser pago, pago até contas atrasadas, acrescidas dos malditos juros.
Mas há dias em que me recuso de tal maneira a pagar contas, que não pago nem as contas que vencem naquele dia e vão me causar problemas de quitação depois.
Não pago, não pago e... pronto: vão cobrar do diabo!

São manias que tenho e não sei por que as tenho.
São manias, são princípios, enlouquecidos princípios.
Por exemplo, outra mania que tenho: nunca janto fora aos domingos e às segundas-feiras. Não adianta, se os jantares são em festas que caem na segunda ou no domingo, deixo de ir à festa.
Nos outros cinco dias da semana, saio para jantar fora em todos eles, estou gordo acho que por essa mania.

Mania é conduta que não se explica. Esta que tenho de só pegar e acender o isqueiro, sempre, com os dedos da mão esquerda, eu que sou destro, não tem explicação.
Outra mania que tenho, quando falando comigo uma pessoa joga perdigotos em meu rosto, delicadamente pergunto a ela se tem lenço. Ela pergunta por quê. E eu respondo que é para limpar os perdigotos que ela lançou no meu rosto.

Sei lá por que nós temos manias...

Paulo Santana
ZH 29/10/2009

Nomes


Sabrina - Feminino de Sabra (judeu nascido em Israel).
Safira - Grego: Pedra preciosa.
Salete - Francês: Referente à N. Sra de Salete.
Samanta - Aramaico: A ouvinte.
Samara - Hebraico: Protegida por Deus.
Sandra - Diminutivo de Alessandra.
Sara - Hebraico: Soberana.
Selena - Grego: A lua.
Selma - Árabe-celta: Pacífica, justa.
Serena - Latim: Calma, tranqüila.
Sueli - Germânico: Luz.
Susana - Hebraico: Lírio gracioso.
Sílvia - Latim: Da selva.
Simone - Hebraico: Ouvinte.
Sônia - Russo: Sabedoria.

Fonte:http://www.farmaciadepensamentos.com/

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Você


VOCÊ É...

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.

Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.

Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.

Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.

Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.

Martha Medeiros

Sossega



Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.


Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!


Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.


Fernando Pessoa