sábado, 1 de agosto de 2009

Barbeiro




O barbeiro



Gostei muito desta anedota: um homem sem dois braços foi ao barbeiro.



O barbeiro envolveu o cliente no penteador. Não me perguntem por que aquele imenso pano branco que os barbeiros lançam sobre os corpos dos clientes e amarram na altura de seus pescoços se chama penteador.



Não tem sentido, mas se chama penteador, sim, senhores.



Pois bem, o homem sem os dois braços estava sendo atendido pelo barbeiro.



Quando o barbeiro começou a cometer uma série de barbeiragens com o cliente sem os dois braços, cortando-lhe levemente o lábio superior ao aparar o bigode, logo em seguida cortando a orelha do cliente, o que ocasionou perda de sangue que foi estancada por uma pedra mágica usada pelos barbeiros, minutos depois dando um verdadeiro talho na bochecha do cliente na altura do osso zigomático, isto é, perto do ouvido, quem vem da direção do nariz, ali nas adjacências do rosto, quando também verteu sangue, igual e prontamente estancado pela pedra mágica.


***
Até que o barbeiro terminou de fazer a barba do cliente. Não me perguntem como um homem sem os dois braços, obviamente sem as duas mãos, consegue puxar dinheiro do bolso para pagar o barbeiro, o certo é que o cliente em causa não era inadimplente nem caloteiro e pagou o preço do serviço da barba ao barbeiro.



Foi quando o barbeiro, despedindo-se, cometeu a última tentativa de ser cordial, também para amenizar os pequenos estragos que fizera no rosto do paciente (nesta altura não era mais cliente, era paciente de três ameaças de incisões cirúrgicas).



***
O que perguntou na despedida o barbeiro para o cliente minutos antes sangrante: “Diga-me, eu já não tinha atendido o senhor numa outra vez?”.



E o cliente de pronto respondendo ao barbeiro: “Não. Nunca me atendeu antes. Eu perdi estes dois braços numa explosão na Guerra do Vietnã”.



Sensacional.



* Texto publicado na Zero Hora 01/08/09

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