sexta-feira, 4 de junho de 2010

Balõezinhos


Na feira do arrabaldezinho
Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor:
- "O melhor divertimento para as crianças!"


Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres,
Fitando com olhos muito redondos os grandes balõezinhos muito redondos.


No entanto a feira burburinha.
Vão chegando as burguesinhas pobres,
E as criadas das burguesinhas ricas,
E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.


Nas bancas de peixe,
Nas barraquinhas de cereais,
Junto às cestas de hortaliças
O tostão é regateado com acrimônia.


Os meninos pobres não vêem as ervilhas tenras,
Os tomatinhos vermelhos,
Nem as frutas,
Nem nada.


Sente-se bem que para eles ali na feira os balõezinhos de cor são a
[única mercadoria útil e verdadeiramente indispensável.
O vendedor infatigável apregoa:
- "O melhor divertimento para as crianças!"


E em torno do homem loquaz os menininhos pobres fazem um
círculo inamovível de desejo e espanto.

Manuel Bandeira

2 comentários:

  1. Muito o poema que você escolheu para postar!
    Grande abraço!
    Bom fim de semana!!!

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  2. Você deveria ver a minha cara cheia de felicidade quando encontro um comentário seu.
    Obrigada por participar dos meus blogs!
    Graaaande Manuel Bandeira! Bela escolha, Silvia!


    Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
    Sê um arbusto no vale mas sê
    O melhor arbusto à margem do regato.
    Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
    Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
    E dá alegria a algum caminho.

    Se não puderes ser uma estrada,
    Sê apenas uma senda,
    Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
    Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
    Mas sê o melhor no que quer que sejas.

    Pablo Neruda

    Bjkas e ótimo final de semana!
    Sônia Silvino's Blogs!
    Vários temas, um só coração!!!

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