sexta-feira, 18 de novembro de 2011

As nuvens



Nuvem, que me consolas e contristas,

Tenho o teu gênio e o teu labor ingrato:

Essas arquiteturas imprevistas

São como as construções em que me mato...


Nunca vemos, misérrimos artistas,

A vitória deste ímpeto insensato:

A um sopro benfazejo, que conquistas!

A um hálito cruel, que desbarato!


Nuvens de terra e céu, brincos do vento,

Vai-se-nos breve a essência no ar varrida...

Irmã, que importa? ao menos, num momento,


No fastígio falaz da nossa lida,

Tu, nas miragens, e eu, no pensamento,

Somos a força e a afirmação da Vida!




Olavo Bilac

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