quarta-feira, 2 de maio de 2012




Não faço poemas como quem chora,


nem faço versos como quem morre.

Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira

quando muito moço; achava que tinha


os dias contados pela tísica


e até se acanhava de namorar.






Faço poemas como quem faz amor.


É a mesma luta suave e desvairada


enquanto a rosa orvalhada


se vai entreabrindo devagar.


A gente nem se dá conta, até acha bom,


o imenso trabalho que amor dá para fazer.






Perdão, amor não se faz.


Quando muito, se desfaz.


Fazer amor é um dizer


(a metáfora é falaz)


de quem pretende vestir


com roupa austera a beleza


do corpo da primavera.


O verbo exato é foder.


A palavra fica nua


para todo mundo ver


o corpo amante cantando


a glória do seu poder




Thiago de Mello

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