segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Poema




Ditoso seja aquele que somente
se queixa de amorosas esquivanças;
pois por elas não perde as esperanças
de poder n'algum tempo ser contente.





Ditoso seja quem, estando ausente,
não sente mais que a pena das lembranças;
porqu', inda que se tema de mudanças,
menos se teme a dor quando se sente.





Ditoso seja, enfim, qualquer estado
onde enganos, desprezos e isenção
trazem o coração atormentado.





Mas triste quem se sente magoado
d'erros em que não pode haver perdão,
sem ficar n'alma a mágoa do pecado.








Luis Vaz de Camões

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