quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Presença


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...


É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...


Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.


É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...


Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te !

Mário Quintana

Um comentário:

  1. [...]É preciso a saudade para eu sentir
    como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
    Lindo este trecho da poesia...Perfeito!
    Um abraço!

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