quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Miniambiente


Estou sem tempo, atrasado, ocupado, meio consumido, pensando se conseguirei chegar antes que o guarda resolva travar a porta. Corro assombrado, cortado em pedaços, esbaforido, feito uma tela expressionista, escorrendo os pés pelos vãos da cidade. É verdade, não estou brincando. Preciso dar conta do recado, suar a camisa, torcer o rabo do gato pra gerir meu ganha-pão. Meu chefe não compreenderia se eu retornasse para o escritório sem as autenticações. Ele vive roendo as unhas, procurando um nó cego, uma besta qualquer pra descontar suas mazelas. Veja, estou com as mãos atadas, sem nenhuma chance de parar, atolado até o pescoço de trabalho. Lutando para manter a cabeça no lugar. É, estou voando, torcendo, rezando pragência estar aberta e não ser barrado na porta. Até a noite, sou como um balão vermelho: hora após hora, caindo. Sem tempo, sempre atrasado, ocupado, ocupadíssimo.

Claudio Eugenio Luz

Um comentário:

  1. É o corre corre da vida...
    Silvia querida,
    passei para te deixar um carinhoso abraco!
    Paz e luz!

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