quinta-feira, 22 de julho de 2010

Com licença poética


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.


Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda envergonhada.


Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.


Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.


Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.


Minha tristeza não tem pedigree,
Já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.


Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adelia Prado

2 comentários:

  1. Olá querida

    Obrigada, bom que gostou da nova cara.
    Que nossos anjos sempre estejam do nosso lado.

    Com muito carinho BJS.

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  2. Sempre que leio Adélia sinto-me traduzida nos meus sentimentos femininos mais íntimos! Grande poetisa! Grande sensibilidade a sua em escolhê-la para nos presentear!

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