quinta-feira, 8 de julho de 2010

A raça dos desassossegados


À raça dos desassossegados pertencemos todos, negros e brancos, ricos e pobres, jovens e velhos, desde que tenhamos como característica desta raça comum, a inquietação que nos torna insuportavelmente exigentes com a gente mesmo e a ambição de vencer não os jogos, mas o tempo, este adversário implacável.


Desassossegados do mundo correm atrás da felicidade possível, e uma vez alcançado seu quinhão, não sossegam: saem atrás da felicidade improvável, aquela que se promete constante, aquela que ninguém nunca viu, e por isso sua raridade.


Desassossegados amam com atropelo, cultivam fantasias irreais de amores sublimes, fartos e eternos, são sabidamente apressados, cheios de ânsias e desejos, amam muito mais do que necessitam e recebem menos amor do que planejavam.


Desassossegados pensam acordados e dormindo, pensam falando e escutando, pensam ao concordar e, quando discordam, pensam que pensam melhor, e pensam com clareza uns dias e com a mente turva em outros, e pensam tanto que pensam que descansam.


Desassossegados não podem mais ver o telejornal que choram, não podem sair mais às ruas que temem, não podem aceitar tanta gente crua habitando os topos das pirâmides e tanta gente cozida em filas, em madrugadas e no silêncio dos bueiros.


Desassossegados vestem-se de qualquer jeito, arrancam a pele dos dedos com os dentes, homens e mulheres soterrados, cavando uma abertura, tentando abrir uma janela emperrada, inventando uns desafios diferentes para sentir sua vida empurrada, desassossegados voltados pra frente.


Desassossegados desconfiam de si mesmos, se acusam e se defendem, contradizem-se, são fáceis e difíceis, acatam e desrespeitam as leis e seus próprios conceitos, tumultuados e irresistíveis seres que latejam.

Desassossegados têm insônia e são gentis, lhes incomodam as verdades imutáveis, riem quando bebem, não enjoam, mas ficam tontos com tanta idéia solta, com tamanha esquizofrenia, não se acomodam em rede, leito, lamentam a falta que faz uma paz inconsciente.


Desta raça somos todos, eu sou, só sossego quando me aceito .


Martha Medeiros

4 comentários:

  1. o tempo que flui nessas palavras e a poesia que soa nos sentimentos!

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  2. Gaúcha querida, cada vez que vc aparece é uma alegria aqui nas minhas casas.... ainda mais trazendo texto de outra gaúcha maravilhosa, a Martha !!!!!

    Beijão do teu amigo ZC

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  3. Olá, meu anjo!
    Eu já estava com saudade de vir aqui!
    **************************************
    Fico Assim Sem Você
    Avião sem asa, fogueira sem brasa
    Sou eu assim sem você
    Futebol sem bola. Piu-Piu sem Frajola
    Sou eu assim sem você
    Por que é que tem que ser assim?
    Se o meu desejo não tem fim
    Eu te quero a todo instante
    Nem mil alto-falantes
    Vão poder falar por mim
    Amor sem beijinho,
    Buchecha sem Claudinho
    Sou eu assim sem você
    Circo sem palhaço, namoro sem amasso
    Sou eu assim sem você
    To louco pra te ver chegar
    To louco pra te ter nas mãos
    Deitar no teu abraço, retomar o pedaço
    Que falta no meu coração
    Eu não existo longe de você
    E a solidão é o meu pior castigo
    Eu conto as horas pra poder te ver

    Mas o relógio tá de mal comigo, por que?
    Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta
    Sou eu assim sem você
    Carro sem estrada, queijo sem goiabada
    Sou eu assim sem você
    Por que é que tem que ser assim?
    Se o meu desejo não tem fim
    Eu te quero a todo instante
    Nem mil alto-falantes
    Vão poder falar por mim
    Eu não existo longe de você
    E a solidão é o meu pior castigo
    Eu conto as horas pra poder te ver
    Mas o relógio tá de mal comigo
    Eu não existo longe de você
    E a solidão é o meu pior castigo
    Eu conto as horas pra poder te ver
    Mas o relógio tá de mal comigo, por quê?
    ******************************************
    Beijocas carinhosas!!!
    SÔNIA SILVINO'S BLOGS
    Vários temas & um só coração!

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  4. Obrigada, amigos, pelo incentivo e carinho.
    Abraço

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