sábado, 8 de dezembro de 2012

Coisas da terra


 

Todas as coisas de que falo estão na cidade

Entre o céu e a terra.



São todas elas coisas perecíveis

E eternas como o teu riso

A palavra solidária

Minha mão aberta

Ou este esquecido cheiro de cabelo

Que volta

E acende sua flama inesperada

No coração de maio.



Todas as coisas de que falo são de carne

Como o verão e o salário.



Mortalmente inseridas no tempo,

Estão dispersas como o ar

No mercado , nas oficinas,

Nas ruas , nos hotéis de viagem .



São coisas, todas elas,

Cotidianas , como bocas

E mãos, sonhos , greves,

Denúncias,

Acidentes de trabalho e do amor.

 Coisas

De que falam os jornais

Às vezes tão rudes

Às vezes tão tão escuras

Que mesmo a poesia as ilumina com dificuldade.



Mas é nelas que te vejo pulsando ,

Mundo novo,

Ainda em estado de soluços e esperança.

(Ferreira Gullar)

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