quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A bomba atômica






A atômica é triste

Coisa mais triste não há

Quando cai, cai sem vontade

Vem caindo devagar

Que dá tempo a um passarinho

De pousar nela e voar...

Coitada da bomba atômica

Que não gosta de matar



Coitada da bomba atômica

Que não gosta de matar

Mas que ao matar mata tudo

Animal e vegetal

Que mata a vida da terra

E mata a vida do ar

Mas que também mata a guerra...

Bomba atômica que aterra!

Pomba atônita da paz!   Pomba tonta, bomba atômica

Tristeza, consolação

Flor puríssima do urânio

Desabrochada no chão

Da cor pálida do hélium

E odor de rádium fatal

Loelia mineral carnívora

Radiosa rosa radical.



Nunca mais, oh bomba atômica

Nunca, em tempo algum ,jamais

Seja preciso que mates

Onde houve morte de mais:

Fique apenas tua imagem

Aterradora miragem

Sobre as grandes catedrais:

Guarda de uma nova era

Arcanjo insigne da paz!

( Vinícius de Moraes )

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