domingo, 18 de dezembro de 2011

A cilada



O perfume, o silêncio, a sombra... Os ninhos

Emudecem... E temos, sonhadores,

A humildade das ervas nos caminhos

E uma inocência de anjos entre as flores.


Mas há na tarde morna ignotos vinhos,

Secretos filtros, pérfidos vapores,

Amavios, feitiços e carinhos

Moles, quebrados e perturbadores...


E, de repente, o incêndio dos sentidos:

As mãos frias tateando na ansiedade,

As bocas que se buscam num queixume,

E o corpo, o sangue, o espírito perdidos,


E a febre, e os beijos... e a cumplicidade

Da sombra, do silêncio, do perfume...



Olavo Bilac

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