segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ato de contrição



Ah Como somos comedidos!
Acomodamo-nos, vãos,
nos limites do concebido.

Somos bem educados, cultos,
E ruge tanta fome
Nos apetites fora do concedido.

Ah como somos sob medida!
Submetidos, hirtos, bem vestidos
Robôs impecáveis, ilusão de vida.

Ah somos como os subvertidos,
Introvertida soma de extrovertidos,
Por pompa, tinta, arroto ou brilhantina.

Filhos do instante, do entanto e do porém
Somos através, como vidros,
Mas opacos e pervertidos, sempre aquém.

Traçamos sinas e abstrações
Terçamos ódios finos, dissuadidos,
lãs de olvido e alucinações.

Sovamos os sidos, os vividos,
Somos eiva, disfarce, diluição.
Somos somas e subtrações.

Artur da Távola

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