
A mais intrigante passagem da Bíblia, no meu fraco modo de entender, é aquela em que Jesus está pregado na cruz, restam ainda alguns minutos para ele expirar, já lhe faltam as últimas forças e ele exclama num ultimato: “Pai, por que me abandonaste?” É uma frase instigante, curiosa, profundamente enigmática, mas a gente sente que ela é a chave de todo o mistério da divindade e ao mesmo tempo decifradora da origem e papel do homem na Terra.
Mas não foi feita a vontade de Deus ao ser crucificado o Cristo? E Cristo não se submeteu à vontade de Deus, não só se entregando aos seus carrascos como assumindo comportamento subversivo para aquela época, que só podia terminar no patíbulo? Então, se foi a vontade associada de Pai e Filho que foi atendida e materializada no sacrifício no madeiro, por que a frase queixosa e cobradora do Messias?
Mas se era aquele holocausto que o Pai queria, se o Filho se entregava àquele martírio por vontade e destinação, que abandono era esse do Pai para com o Filho que este clamava em seu último instante de vida? Por que o Filho se sentia só, se tinha plena consciência de que se constituía ali no Calvário no instrumento sublime de redenção da humanidade? Como pode se sentir só o Ungido?
Como ousava o Filho acusar o Criador de abandono? Como podia o Filho escolhido assim vacilar em sua fé, atribuindo ao Pai celeste a sua dessorção, abjuração, abjunção, deserdação? “Pai, por que me abandonaste?” Terá Cristo, infernizado pela dor e diante da proximidade da morte, vacilado em sua fé e acreditado por um momento que aquele era mesmo o seu fim e de nada iria valer o sacrifício? Qual o sentido da dramaticamente patética frase avassaladora?
Eu prefiro acreditar que Cristo, misto de homem e Deus, diante da miséria da morte torturada, deixou que se lhe escapasse naquele instante a condição divina e viu-se revestido apenas da essência humana, tendo pronunciado uma frase meramente terrena, compatível com a natureza inferior que lhe restava. Ou então, diante disso, como sentiu-se, em meio ao desespero, despojado da delegação divina, temendo a morte e sentindo irresistível a dor física, cobrou de Deus essa última e decisiva fraqueza, atribuindo a seu Pai aquele derradeiro erro e defeito irreparável: a consciência da solidão.
Todos nós, quando nos sentimos desesperados e sós, conscientemente ou quase sempre inconscientemente, atribuímos esse abandono às nossas mães ou a nossos pais. É freudiano, mas vemos agora que, antes disso, é cristiano, culparmos a nossa mãe ou nosso pai por qualquer infortúnio nosso. O destino de todo o homem é ligado imprescindivelmente à sua origem. E não há jamais como nos libertarmos de nossos pais e desligarmo-nos de nossos filhos.
Paulo Sant'Ana
Zero Hora 21/02/1997
Mas não foi feita a vontade de Deus ao ser crucificado o Cristo? E Cristo não se submeteu à vontade de Deus, não só se entregando aos seus carrascos como assumindo comportamento subversivo para aquela época, que só podia terminar no patíbulo? Então, se foi a vontade associada de Pai e Filho que foi atendida e materializada no sacrifício no madeiro, por que a frase queixosa e cobradora do Messias?
Mas se era aquele holocausto que o Pai queria, se o Filho se entregava àquele martírio por vontade e destinação, que abandono era esse do Pai para com o Filho que este clamava em seu último instante de vida? Por que o Filho se sentia só, se tinha plena consciência de que se constituía ali no Calvário no instrumento sublime de redenção da humanidade? Como pode se sentir só o Ungido?
Como ousava o Filho acusar o Criador de abandono? Como podia o Filho escolhido assim vacilar em sua fé, atribuindo ao Pai celeste a sua dessorção, abjuração, abjunção, deserdação? “Pai, por que me abandonaste?” Terá Cristo, infernizado pela dor e diante da proximidade da morte, vacilado em sua fé e acreditado por um momento que aquele era mesmo o seu fim e de nada iria valer o sacrifício? Qual o sentido da dramaticamente patética frase avassaladora?
Eu prefiro acreditar que Cristo, misto de homem e Deus, diante da miséria da morte torturada, deixou que se lhe escapasse naquele instante a condição divina e viu-se revestido apenas da essência humana, tendo pronunciado uma frase meramente terrena, compatível com a natureza inferior que lhe restava. Ou então, diante disso, como sentiu-se, em meio ao desespero, despojado da delegação divina, temendo a morte e sentindo irresistível a dor física, cobrou de Deus essa última e decisiva fraqueza, atribuindo a seu Pai aquele derradeiro erro e defeito irreparável: a consciência da solidão.
Todos nós, quando nos sentimos desesperados e sós, conscientemente ou quase sempre inconscientemente, atribuímos esse abandono às nossas mães ou a nossos pais. É freudiano, mas vemos agora que, antes disso, é cristiano, culparmos a nossa mãe ou nosso pai por qualquer infortúnio nosso. O destino de todo o homem é ligado imprescindivelmente à sua origem. E não há jamais como nos libertarmos de nossos pais e desligarmo-nos de nossos filhos.
Paulo Sant'Ana
Zero Hora 21/02/1997
Silvia,
ResponderExcluirO Natal é o espírito de doce amizade que brilha todo o ano.
É consideração e bondade, é a esperança renascida novamente,
para paz, para entendimento, e para benevolência dos homens.
É o nascimento de Jesus!
Muitas flores, muitos sorrisos e muita paz no coração!
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Feliz Natal!! E um lindo 2011!!
Silvia querida!
ResponderExcluirVim lhe visitar e trazer um convite especial para você!
"Maria e José de Nazaré
convidam você e sua família para a festa do meu aniversário.
Data: 25 de dezembro
Local: Seu Coração
Os participantes da minha festa
serão contemplados com um crédito infinito
de graças para o ano todo,
podendo sacar, diariamente,
sem limite de horário,
a soma de bênçãos de que necessitarem.
Favor confirmar sua presença
através de oração e da imitação dos meus atos.
Agradeço por todo o esforço que você fará
na preparação espiritual da minha festa!
Abraços e Bênçãos de
Jesus de Nazaré"
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